Apesar das explicações que dávamos a respeito de optarmos por não receber assistência durante nossas expedições (preferindo transportar comida para semanas, sem abastecimentos, etc.), quando aceitávamos dormir na casa de alguma família tradicional marajoara era praticamente impossível recusar um jantar e/ou um café da manhã, mesmo sabendo da dificuldades que alguns tinham para obter o alimento de cada dia. Então, mantendo a educação e minimizando a nossa interferência, ao final fazíamos uma permuta entre nossos contados mantimentos e a hospitalidade local.
Em certa madrugada, em minha rede que obstruía a entrada de mais um lar que nos foi aberto, pude ouvir quando o filho dos nossos anfitriões chegou de sua bem sucedida caçada noturna - com um pobre jupará ao qual registrei na manhã seguinte.

Estranha para milhões de pessoas acostumadas a comprar sua comida já abatida, limpa e embalada em mercados urbanos, sem dúvida a vida na Amazônia é bastante singular e contrastante em relação ao que estamos acostumados nas cidades.
Acho que esta foi a primeira vez que vi um jupará, belo animal considerado dócil, fiel e brincalhão e que parece uma mistura de macaco, urso e gato. Muito confundido com um primata pelos caçadores e mateiros, o jupará é conhecido por diversos nomes no Brasil, como macaco da noite (como ouvimos nesta viagem), gatiara, jurupará, quincaju, mirumiru , gogó-de-sola, macaco-janauí (ou janauaí, januí, janaú, etc.) e macaco plantador.
Às vezes é conflitante conjugar a fotografia de Natureza com a de Cultura Regional, mas para mim são segmentos indissociáveis e ambos possuem o seu papel para uma sociedade mais sustentável e evoluída...
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